quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Memória Coletiva

Ben Hur, Quinzinho, Vando, Setembrino. Acervo João Décio R dos Santos

Enviada por: Irene Santos, fotógrafa  

Areal da Baronesa legitimo “território negro “ de Porto Alegre, é a antiga denominação de parte da atual Cidade Baixa. Até hoje o Areal  de antigamente é lembrado  pelas muitas casas de religião, por seus músicos talentosos, pelo animado carnaval de rua na primeira metade do século 20, pelos bares e salões de festas.
Osvaldo Reis, (no livro Colonos & Quilombolas) explica:“Nessa região ficava o Salão do Tareco, primeiro a promover bailes populares para a comunidade...Nas imediações da Praça Garibaldi ficava a sede da Sociedade Nós Os Democratas, que teve forte ação carnavalesca.

No Areal da Baronesa existiu também o Bar da Doca, localizado na Barão do Gravataí. O samba iniciava na sexta-feira às 9 da noite e se estendia até a madrugada da segunda feira. Músicos de indiscutível talento como Paulo Santos, Cauby do Violão,Gogó do Cavaquinho, Bichinho da Seda, Wilson Sarará, Marino do Pandeiro e muitos outros percussionistas e cantores confraternizavam e mostravam suas composições no Bar da Doca.”

O frequentador que cansava, ainda podia dar uma bicada no sopão da casa permanentemente renovado ou uma cochilada em algum cantinho , embalado pelo samba.
Silvinho Aquino, eficiente griot  lembra : “O Carnaval passava aqui na frente. A gente era criança e saia para ver os coretos na Barão(do Gravataí), Baronesa(do Gravataí), Miguel Teixeira, Rua da Margem .... Era bom, a gente sentava na frente de casa, com a porta aberta para ver passarem os blocos . A gente tinha um conhecido, um negro alto e forte, Rui Massa Bruta, que nos três dias de carnaval se vestia de baiana, uma fantasia sensacional e na parte da cabeça ele cada dia fazia com um tipo de fruta.”

Heitor Carlos Garcia (no livro Fragmentos Históricos do Carnaval de Porto Alegre) observa: “A primeira impressão que se tem ao passar pelo Areal da Baronesa é a carga energeticamente positiva contida naquelas ruas... um local que está impregnado com o espírito de toda aquela gente carnavalesca que ali viveu, do surgimento de vários e vários grupos e blocos e dos muitos coretos que o “progresso” derrubou mas não matou.”                   

É bem assim. Quem  passa hoje no Areal ainda sente a energia que  o torna um lugar especial na cidade. A música de outros tempos, de outras memórias ainda parece que paira no ar. E que de vez em quando se materializa em eventos como o Samba e Sarau no Areal que vai rolar nesta antevéspera do carnaval, dia 7 de fevereiro, no Boteko do Caninha (Barão do Gravataí esquina Múcio Teixeira) a partir das 20h.  Os organizadores convidam: A entrada é franca, a participação é livre. O microfone estará aberto. Venha e traga seu poema, seu instrumento, sua composição, sua voz...
Toda a semelhança com os velhos tempos não é coincidência é DNA.
*Fotos dos Acervos de João Décio R dos Santos, Vera Daisy Barcellos, Osvaldo Reis

2 comentários:

  1. Prima,so faltaram os nomes dos quatro amigos,os imortais,Ben Hur,Quinzinho,Vando,Setembrino. Eu só os conheci no carnaval de 1955,no Satelite Prontidão. Eu vestia roupa de malandro com parafina no cabelo Jamais me esquecerei deste carnaval.

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  2. Obrigada Primo. Está corrigido.

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