1897 - Nobre Etíope - Fred Holland Day |
Fred Holland Day (1864-1933), editor norte-americano , foi o primeiro a pensar a fotografia como arte. Filho de família rica, tinha tempo e dinheiro para isso. Envolveu-se com temas polêmicos na vida e na arte. Em suas experimentações com temas religiosos usou a si mesmo como modelo (!) para a figura de Jesus Cristo e se fez fotografar preso a uma cruz.
Por outro lado, notório admirador das formas masculinas, costumava levar para seu estúdio, homens jovens para inspirar a lente de sua máquina fotográfica.
O jovem amigo que ele chamou de Rei Etíope transpira sensualidade no olhar velado, na mão preguiçosa que afasta o manto desnudando o torso sarado. Ah! meu Rei!!! É verdade que todos os biógrafos de Fred Holland Day, insistem em afirmar que a sua fruição ficava estrita ao terreno artístico (!).
Negros e negras, fotografados por razões pseudo-científicas, eram forçados a aparecer despidos, em poses humilhantes e que tentavam mostrar características físicas semelhantes às de animais não humanos.
Paradoxalmente, a nudez gratuita terminava por revelar formas perfeitas, invejáveis num universo onde a maioria da classe dominante branca só conseguia ostentar barrigão flácido e queixo múltiplo à lá D.João VI .
Em fotografia, o olhar dos modelos costuma refletir perfeitamente a forma como são olhados por quem está por detrás da lente.
Os negros escravizados ou libertos tornavam evidente a humilhação e o desconforto a que eram submetidos. O olhar predatório do fotógrafo ignorava sua privacidade, subtraia sua intimidade, e iniciava a construção de uma identidade negativa que até hoje sobrevive no imaginário coletivo dos brasileiros, nos estereótipos, nos preconceitos, no "racismo cordial" onipresente.
A longevidade desta forma rapinante de "olhar os pretos" é demonstrada em recentes publicações. Um exemplo é o ensaio da fotógrafa carioca Marta Azevedo (1), publicado em 2012 com patrocínio da Secretaria da Cultura do RJ.
A pele preta é difícil de fotografar, complicada de equilibrar luz e sombra; é preciso conhecimento para conseguir um bom resultado. Marta Azevedo prova que tem esse conhecimento e o seu ensaio Black Faces apresenta uma técnica contemporânea de indiscutível qualidade.
No entanto, dá para perceber que o conceito embutido nas poses dos modelos é o mesmo que guiava os fotógrafos do século 19 dedicados a registrar os exóticos pretos: são pessoas fazendo caretas, esgares, emoções forçadas, caras, bocas ...
Em entrevista à revista Raça Brasil a fotógrafa explica seu trabalho:
Por outro lado, notório admirador das formas masculinas, costumava levar para seu estúdio, homens jovens para inspirar a lente de sua máquina fotográfica.
O jovem amigo que ele chamou de Rei Etíope transpira sensualidade no olhar velado, na mão preguiçosa que afasta o manto desnudando o torso sarado. Ah! meu Rei!!! É verdade que todos os biógrafos de Fred Holland Day, insistem em afirmar que a sua fruição ficava estrita ao terreno artístico (!).
"Aldeia de negros" em um zoológico europeu.Autor desconhecido |
Na mesma época, final do século 19 e início do século 20, negros importados da África para a Europa e para os Estados Unidos eram exibidos da mesma forma que outros exóticos animais não humanos como chimpanzés, girafas, elefantes.Ota Benga foi um exemplo . Capturado no Congo em 1905, ficou em exposição na Europa e depois foi doado a um zoológico de Nova Iorque, onde ficava em exposição na jaula dos chimpanzés .
Ota Benga .Autor desconhecido
A fotografia era ferramenta importante do "racismo cientifico" que procurava promover a desumanização dos indivíduos de pele preta
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No Brasil a moda chegou nos anos 1850. As fotos impressas em forma de cartão-postal viraram coqueluche, tornando-se a forma mais eficiente de divulgar fatos cotidianos, acontecimentos marcantes, profissões, paisagens.
Tipos negros. Á esquerda, foto de A.Stahl, à direita foto de A Henschel |
Paradoxalmente, a nudez gratuita terminava por revelar formas perfeitas, invejáveis num universo onde a maioria da classe dominante branca só conseguia ostentar barrigão flácido e queixo múltiplo à lá D.João VI .
Em fotografia, o olhar dos modelos costuma refletir perfeitamente a forma como são olhados por quem está por detrás da lente.
Os negros escravizados ou libertos tornavam evidente a humilhação e o desconforto a que eram submetidos. O olhar predatório do fotógrafo ignorava sua privacidade, subtraia sua intimidade, e iniciava a construção de uma identidade negativa que até hoje sobrevive no imaginário coletivo dos brasileiros, nos estereótipos, nos preconceitos, no "racismo cordial" onipresente.
Da esquerda para a direita: 1900- autor desconhecido/ 2011-Marta Azevedo/ 2011- Marta Azevedo/ 1900-Virgilio Calegari |
A pele preta é difícil de fotografar, complicada de equilibrar luz e sombra; é preciso conhecimento para conseguir um bom resultado. Marta Azevedo prova que tem esse conhecimento e o seu ensaio Black Faces apresenta uma técnica contemporânea de indiscutível qualidade.
2011 - Algumas Black Faces de Marta Azevedo |
Em entrevista à revista Raça Brasil a fotógrafa explica seu trabalho:
-" ... as pessoas posavam para mim, que já tinha uma concepção dessas fotos. Usei elementos da cultura e da religiosidade africana, como o candomblé, a umbanda, as miçangas, a palha e a argila.
-"... Gostei de ter feito todas elas . O que eu poderia dizer, nesse sentido, é que gosto muito de trabalhar com argila. Então, as fotografias que tiveram esse elemento foram especiais. A argila deixa as expressões faciais mais fortes, mais expressivas. Usei argila também no corpo de alguns fotografados, mas na maioria usei no rosto..."
-"... Os negros americanos são muito mais agressivos dos que os brasileiros. Eles têm mais atitudes. Os negros brasileiros são mais humildes dos que os negros americanos, que se impõem mais..."
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voce nao me conhece, nao sabe como é meu método de trabalho. Escreve o que lhe vem na cabeça. Muito mal para os seus leitores e para o jornalismo. Procure se informar.
ResponderExcluirquem assina este blog?????!!!!!
ResponderExcluirNão sou anônima como voce.
Excluirvisite meu site:www.irenesantos.fot.br
Santa ignorancia,o trabalho da fotografa Marta esta lindo,vcs ainda estao presos a escravidao,onde veem o modelo rindo vejo um grito para a liberdade e nada de palminhas,isso sim sao amarras da almas!!!!!!!
ResponderExcluirA crítica do blog está muito bem fundamentada.
ExcluirJá o seu protesto em defesa da fotógrafa (é voce mesma, não é?),
não consegue acertar nem na concordância verbal.
Nao, nao sou anonima, nao sei quem eh essa pessoa. Meu nome eh Marta Azevedo, autora do trabalho Black Faces. Voce tem toda a liberdade de nao gostar do projeto, mas tirar palavras da minha boca, a maneira como dirigo as pessoas, nao acho profissional.
ExcluirEntão tá... retirei a brincadeira.
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