“QUAL A SUA COR, RAÇA OU ETNIA?” A pergunta circula pela cidade, grudada na janela traseira dos ônibus da Carris. Num país como
o Brasil, num estado como o RS, a resposta não é tão simples como pode parecer.
No que diz respeito a cores, desde o descobrimento até o
século 19 o País classificou seus habitantes como brancos,
escravos e indígenas.Os ditos brancos eram os europeus ou descendentes deles.
Os indígenas eram classificados como vermelhos. Os pretos eram os escravos africanos
ou descendentes deles. Sua coloração , devido à miscigenação, variava do preto
ao marrom claro ou beige. Aos poucos, passando a ex-escravos ou libertos
continuaram a ser chamados de pretos. Qualquer que fosse a sua coloração. Se
preto indicava a cor de todo o afro descendente, negro era sua etnia. Mas
ninguém ligava muito para isso.
No século 20,
começaram a chegar os imigrantes estrangeiros, com suas várias tonalidades de pele. Todos chamados de
brancos pelos nativos brasileiros. Menos os orientais; esses eram chamados de
amarelos. Dessa época em diante, começou-se a chamar de pretos também, os
brancos brasileiros muito pobres.
Até há bem pouco
tempo, chamar alguém de negro era
considerado xingamento. Mesmo a cartilha "Politicamente
correto & Direitos Humanos"(¹) lançada em 2005 pelo Governo Federal, titubeia
ao declarar que “...Em certas situações tanto “negro “ como “preto” podem ser
altamente ofensivos.” A mesma cartilha
inclui entre os termos que podem ser ofensivos: africano, crioulo, índio,
tupiniquim, mulato,...
A
professora Lilia Moritz Schwarcz lembra que em 1976 o IBGE realizou a Pesquisa por Amostra de Domicilio onde “os brasileiros se atribuíram 136 cores
diferentes, reveladoras de uma verdadeira “aquarela do Brasil”.” (²)
Já etnia é o conjunto de indivíduos que têm consciência de
compartilhar entre eles, aspectos culturais, físicos, linguísticos, históricos. No Brasil,
a adesão a uma etnia costuma ser por auto declaração o que nem sempre dá certo.
Por exemplo, em maio de 2005, Ronaldo o Fenômeno, no auge da carreira, causou
espanto com sua declaração: “Acho que
todos os negros sofrem (com o racismo). Eu, que sou branco, também sofro com tamanha
ignorância”. Então tá!
Agora raça, de todos é o conceito mais confuso.Você que está lendo esta postagem, a não ser que seja urso, jacaré ou outro habitante do zoológico, não importando a coloração de sua pele, deve pertencer inevitavelmente à raça humana. O que, no mundo atual, não é nenhum privilégio.
Apesar de tudo, a campanha da Prefeitura /SUS "busca incentivar a coleta de dados que possibilitem melhorar a qualidade dos serviços de saúde, com a elaboração de políticas públicas e identificando as doenças e agravos predominantes nos diferentes grupos que compõem a nossa sociedade Reconhecendo as especifidades de gênero e raça será possível a criação de estratégias que efetivem a eqüidade na atenção à saúde da população negra." (³)
Tomara que dê certo!
(¹) Clique aqui para conhecer a polêmica cartilha publicada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos em 2005 e recolhida no mesmo ano.
(²) Clique aqui para ver a tabela "Aquarela do Brasil", mostrada no livro História da Vida Privada no Brasil, organizado por Lilia Moritz Schwarcz, Cia das Letras, 2002, S.Paulo
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