Texto de Jayme Moreira da Silva(1)
Mãe Preta (2) |
"As Mães da Colônia Africana (2) eram conhecidas como amas de leite. Diariamente saiam cedo de casa, deixando seus filhos aos cuidados de vizinhos ou parentes, para irem às casas de famílias ricas onde amamentavam os filhos destas e recebiam uma remuneração por isso, para sustentar as despesas de casa.Os filhos das amas de leite permaneciam em casa e eram alimentados com os costumes africanos: leite com derivados de farinha de milho. Aos tres meses de idade, tomavam sopinhas de caldo de carne e feijão preto. As mães que tinham saído cedo para cuidar de crianças alheias, eram esperadas no final do dia com canjica de milho, mingau da mesma farinha e o tradicional feijão com arroz, verduras, legumes, carne sêca, linguiça.
Destas amas de leite, eu conheci algumas. Uma era minha tia Matilde que tinha duas filhas. Outra era mãe de meus amigos de infância , João Rosa e João Dez ( este apelido ele recebeu no exército, serviço obrigatório na época).
Era lindo ver a garbosa e bela Matilde subir a rua Felipe Camarão na direção da avenida Independência, onde trabalhava em casa de familia de origem alemã, muito rica. Matilde ainda cuidava do chefe da familia, gerente de uma grande firma do comercio local, homem de muito estudo e ...alcoólatra.
Minha tia, ao chegar de manhã, tratava a ressaca do patrão com forte alimentação de líquidos, papinhas e ovos quentes.
Depois, ia tratar de amamentar os bebês;e então, ia tratar da dona da casa, mulher de pouca saúde, muito fraca.
Minha tia Matilde, era um anjo de paciência e brandura, um grande coração. Índole comum às mães pretas: desde sempre trataram com carinho e muito amor, tanto seus filhos como os filhos de outras mães. Em sua simplicidade sabiam que o leite da amamentação era uma doação de amor e era esse amor que o fazia nutritivo. E tirar o leite dos próprios filhos e oferecer com amor para estranhos é, sim, ter muita cristandade no coração."
Destas amas de leite, eu conheci algumas. Uma era minha tia Matilde que tinha duas filhas. Outra era mãe de meus amigos de infância , João Rosa e João Dez ( este apelido ele recebeu no exército, serviço obrigatório na época).
Monumento à Mãe Preta - Recife/PE |
Era lindo ver a garbosa e bela Matilde subir a rua Felipe Camarão na direção da avenida Independência, onde trabalhava em casa de familia de origem alemã, muito rica. Matilde ainda cuidava do chefe da familia, gerente de uma grande firma do comercio local, homem de muito estudo e ...alcoólatra.
Minha tia, ao chegar de manhã, tratava a ressaca do patrão com forte alimentação de líquidos, papinhas e ovos quentes.
Depois, ia tratar de amamentar os bebês;e então, ia tratar da dona da casa, mulher de pouca saúde, muito fraca.
Minha tia Matilde, era um anjo de paciência e brandura, um grande coração. Índole comum às mães pretas: desde sempre trataram com carinho e muito amor, tanto seus filhos como os filhos de outras mães. Em sua simplicidade sabiam que o leite da amamentação era uma doação de amor e era esse amor que o fazia nutritivo. E tirar o leite dos próprios filhos e oferecer com amor para estranhos é, sim, ter muita cristandade no coração."
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(2) Mãe preta, 1912. Lucílio de Albuquerque (Brasil, 1877 – 1939). Óleo sobre tela, 180 x 130 cm
Es
ResponderExcluirte é o Grande e Eterno Sogrão Moreira. Sabia Tudo sobre os costumes e modo de vida das Famílias Negras da Época.