Conversar com dona Shirley Machado é fazer uma viagem no tempo.Voltar à época da inocência e da espontaneidade. Quando o carnaval de rua era realmente a festa do povo sem comprometimentos politico-partidários. Havia espaço para o povo(negro) se expressar sem patrulhamentos ideológicos que ditassem as regras do que se pode e do que não se pode dizer. Todo o carnaval acontecia em torno de coretos, pequenas construções de madeira e compensado, decoradas com coloridos desenhos ingênuos de máscaras de palhacinhos, colombinas, pierrots.
Dona Shirley recorda de um grupo carnavalesco especial entre tantos outros que desfilavam no coreto do bairro:No calor da rumba.
"Havia
uma escola, No calor da rumba, e meu namorado que viria a ser meu marido desfilava ali; eu saía fugida dos
meus pais e ia para o meio, dançava. Eles me puxavam as orelhas quando eu chegava em casa,
mas eu dormia feliz de ter saído no
samba.A
escola desfilava no bairro no domingo de tarde e meu pai era um dos que colhia
dinheiro para comprar alpargatas para desfilar, papelão para fazer chapéus. E
eu me tornei costureira ajudando."
As memórias de Dona Shirley, eternizadas em video, agora fazem parte do acervo do Projeto OUTROS CARNAVAIS e em breve estarão publicadas no site do projeto.
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